Ensaio Energético

Indicadores Semanais dos Combustíveis – 2ª semana de julho/2023

Destaques

  • O preço da gasolina segue se distanciando do preço de paridade de importação (PPI), fazendo com que o gap se aproxime dos 15%. Para o diesel, o preço doméstico segue muito próximo do preço do Golfo do México.
  • Os impactos do aumento da carga tributária federal, em 01/07/2023, já chegaram aos consumidores finais. Gasolina e etanol estão mais caros 5,78% e 5,08%, respectivamente.
  • Por mais uma semana, houve pequena melhora no indicador de competitividade do etanol, motivada pela maior elevação no preço da gasolina. No Acre, o ganho de competitividade do etanol foi o destaque da semana.

 

Indicadores de Gap

Em 07/07/2023, a Petrobras não comunicou nenhum reajuste no preço da gasolina em suas refinarias. No cenário externo, a taxa de câmbio variou positivamente, com uma valorização do dólar frente ao real de 1,8%. No entanto, no Golfo do México, o galão de gasolina está mais barato em 0,17%. Como a valorização do dólar frente ao real foi maior do que a redução do preço do combustível no mercado internacional, o gap da gasolina aumentou nesta semana, indo de 13,74% para 14,96% abaixo do Preço de Paridade de Importação (PPI). No último mês, portanto, a gasolina está se distanciando mais do PPI.

 

Para o diesel, o gap aumentou 0,8 ponto percentual, indo de 3,94% acima do PPI, na semana anterior, para 4,78% acima do PPI nesta semana. Sem reajustes por parte da Petrobras, o aumento do gap ocorreu devido ao menor preço praticado no mercado internacional e à valorização do dólar frente ao real. No Golfo do México, o preço do galão do diesel recuou cerca de 2,56% entre 30/06 e 07/07

 

O GLP também não teve seu preço reajustado para baixo pela Petrobras nesta semana. No mercado internacional, a trajetória de preços foi de queda, com um recuo de 5,92%. Como o preço interno não se alterou, o dólar valorizou frente ao real e o preço de referência abaixou, o gap do GLP apresentou um aumento. Atualmente, o botijão de 13kg está 53,49% acima do PPI.

 

Indicadores de Capacidade de Pagamento

O mês de julho de 2023 iniciou com alta no preço dos combustíveis no Brasil. A gasolina sofreu um aumento de R$ 0,31 no período compreendido entre 02/07 e 08/07/2023, o que representa um aumento de 5,78% em uma semana, sobretudo pelo reflexo do aumento da tributação federal. O combustível agora passa a custar em média R$ 5,67 o litro. Por conta disso, a capacidade de pagamento do consumidor piorou nacionalmente, uma vez que, se na última divulgação era necessário comprometer 12,18% de um salário mínimo diário para cada litro adquirido, o indicador subiu 0,71 pontos percentuais, para atuais 12,89%.

Quanto aos estados, todos apresentaram piora no indicador. No Amapá, ainda que permaneça no topo da lista com a gasolina mais barata do país, o preço médio subiu 6,85%, representando um aumento maior que a média nacional. O estado do Mato Grosso do Sul, que ocupava a 5ª posição, passa para a 2ª. As menores capacidades de pagamento estão nos estados nortistas Rondônia, Amazonas e Acre. Neste último, o preço médio na revenda também subiu acima da média nacional, chegando a R$ 6,39, ou 13,70%.

 

A média nacional do preço do etanol também aumentou após o aumento dos impostos federais incidentes sobre o biocombustível. Dessa vez, a alta foi de 5,08%, elevando o preço ao consumidor ao patamar de R$ 3,93. Esse reajuste afetou negativamente a capacidade de pagamento em todo o país, passando de 8,50%, para 8,93% do salário mínimo diário a cada litro adquirido.

Nos estados não foi diferente, cada UF apresentou individualmente uma piora no indicador. Assim como no último boletim, as melhores capacidades de pagamento estão localizadas no Mato Grosso, em São Paulo e Minas Gerais. Por outro lado, os preços mais elevados para o insumo seguem em Rondônia, Roraima e Amapá, os quais tiveram o indicador ainda menos favorável por outra semana consecutiva. A logística de distribuição para esses estados é mais complicada devido a maiores distâncias dos centros produtores.

 

Ao contrário dos outros combustíveis, o botijão de GLP foi o único a sofrer redução nacional do preço médio ao consumidor, dessa vez de 0,40%. Na semana de 08/07 valor do insumo recuou de R$ 103,00 para R$ 102,59. A consequência direta foi uma redução na quantidade média de dias de trabalho necessários à aquisição do insumo, de 2,34 para 2,33 dias.

Pernambuco e Rio de Janeiro apresentam os preços mais baixos, sendo R$ 90,20 e R$ 93,32, respectivamente. O estado de Alagoas melhorou sua capacidade de pagamento, retornando à terceira posição no ranking. Nos mais caros, Roraima é o pior quadro, com 2,88 dias de trabalho necessários à compra de 1 botijão de 13kg, seguido do Mato Grosso e Rondônia.

 

Indicador de Competitividade do Etanol frente à Gasolina

Nesta semana, 19 estados apresentaram a gasolina muito competitiva, o que nos demonstra mudança em relação aos 20 estados das últimas duas semanas, com a saída do Acre da categoria. Em Goiás (0,690), São Paulo (0,686), e Mato Grosso (0,654) os indicadores indicam a maior vantagem de consumo para o etanol. A média do valor dos indicadores englobando todos os estados foi de 0,783, o que representa uma melhora visto que no final de maio a média ficava em torno de 0,796.

Os dados nos demonstram vantagem média crescente do etanol pela terceira semana consecutiva. Em específico, nesta semana, a melhora do indicador de competitividade do etanol frente à gasolina foi causada pelos impactos do aumento da carga tributária federal incidente sobre os combustíveis, conforme mencionado no boletim da semana passada. Nas bombas, o preço do etanol avançou 5,08%. Já a gasolina subiu 5,78%. Com a maior elevação média da gasolina, o cenário torna-se mais favorável ao etanol.

Por fim, vale destacar o caso do Amapá, que constitui uma particularidade. Lá, o indicador observado nesta semana foi de 1,019. Isto é, é o único estado em que o etanol custa mais caro do que a gasolina.

 

Para mais detalhes acerca da metodologia de cálculo dos três indicadores, clique aqui

 

Sugestão de citação: Raeder, F.; Alves, B.; Souza, L. Motta, W. Indicadores Semanais dos CombustíveisBoletim de Indicadores, 2ª semana de julho/2023. Ensaio Energético, 12 de julho, 2023.

Autor Fixo e Editor dos Indicadores do Ensaio Energético. Formado em Economia, Mestre e Doutorando em Economia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). É professor substituto da Faculdade de Economia da UFF e pesquisador do Grupo de Energia e Regulação (GENER/UFF).

Bruno Alves

Estudante a nível de bacharelado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Fluminense e integrante do Grupo de Pesquisa em Energia e Regulação (GENER/UFF).

Letícia Souza

Estudante a nível de bacharelado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Fluminense e integrante do Grupo de Pesquisa em Energia e Regulação (GENER/UFF).

Wolney Motta

Estudante a nível de bacharelado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Fluminense e integrante do Grupo de Pesquisa em Energia e Regulação (GENER/UFF).

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