Ensaio Energético

Indicadores dos Combustíveis – Setembro e Outubro de 2023

Introdução

Após uma breve pausa, o Ensaio Energético anuncia uma publicação especial para os Indicadores dos Combustíveis. O objetivo é trazer uma retrospectiva dos indicadores de gap (gasolina, diesel e GLP), de capacidade de pagamento (gasolina, etanol e GLP) e de competitividade do etanol frente à gasolina. Nesta publicação, são analisados os dados para os meses de setembro e outubro de 2023. A partir de novembro, serão retomadas as publicações semanais.

Para mais detalhes acerca da metodologia de cálculo dos três indicadores, clique aqui

 

Indicadores de Gap

Os indicadores de gap analisam a distância, em termos percentuais, ente os preços dos combustíveis vigentes no mercado internacional e os preços vigentes nas refinarias da Petrobras. Para valores acima do PPI, os preços domésticos estão mais caros que os externos. Para valores abaixo do PPI, os preços do exterior são maiores do que os preços da Petrobras.

 

No mês de setembro, o preço do galão da gasolina no Golfo do México recuou aproximadamente 7,4%, indo de US$ 2,85 para U$ 2,64. Nesse mesmo período, o galão do diesel ficou 6,05% mais caro, passando a custar US$ 3,32 ao final do mês. Para o GLP, o preço de referência no exterior teve uma alteração menor. O recuo do galão em Mont Belvieu foi de 2,2%. Nas refinarias brasileiras, não houve reajuste. O real, por fim, se desvalorizou em relação ao dólar, num patamar de 1,73%. Como resultados, o gap do GLP se aproximou mais do PPI, mas ainda estava 12,58% acima. O gap da gasolina também diminuiu durante o mês, indo de -19,87% para -14,06%. Por último, o gap do diesel aumentou, se distanciando mais do preço de referência. Na primeira semana de setembro estava em -3,18% e, na última semana, -10,97%.

Já em outubro houve uma forte tendência de queda nos preços dos energéticos nos mercados internacionais. A gasolina ficou 15,20% mais barata ao final do mês; o diesel, 10,74%; e o GLP, 6,35%. Não obstante, o real se valorizou marginalmente frente ao dólar em 0,33%. Assim, ao considerar o preço em reais, o efeito de queda foi amplificado. No âmbito doméstico, a Petrobras promoveu reajustes em suas refinarias. No dia 19 de outubro, o preço da gasolina caiu R$ 0,12 por litro; na contramão, o diesel foi reajustado para cima e o preço subiu R$ 0,25 por litro. Com os combustíveis custando mais alto no mercado doméstico, nota-se uma tendência crescente nas linhas do gap. Para o GLP, o gap aumentou e o insumo custa 20,62% acima do PPI. No caso do diesel, houve uma reversão: durante o mês de setembro, o produto ficou abaixo do PPI, porém, em outubro, fechou o mês 6,56% acima do preço de referência no mercado internacional. A gasolina, por sua vez, se encontra bastante próxima do PPI, sendo vendia a 2,50% abaixo da referência.

 

Indicadores de Capacidade de Pagamento

Os indicadores de capacidade de pagamento apontam qual percentual do salário mínimo deve ser gasto para comprar um litro de gasolina ou de etanol e quantos dias de trabalho, a nível de salário mínimo, são necessários para comprar um botijão de 13kg de gás (GLP) em cada estado. Considerando o salário mínimo mensal de R$ 1340,00, o salário mínimo diário é de R$ 44,00.

 

Em 30 de setembro de 2023, o preço médio de um litro de gasolina era de R$ 5,80. Isso equivale 13,18% do salário mínimo diário. Já para o mês de outubro, o preço médio da gasolina recuou para R$ 5,69. Portanto, passou a ser necessário dispender uma parcela menor do rendimento para o consumo de um litro do energético. Assim, o indicador recuou para 12,93%, sinalizando uma melhoria na capacidade de pagamento da gasolina.

Acre, Amazonas e Rondônia apresentaram os maiores preços do litro da gasolina nos meses de setembro e outubro. Portanto, nesses três estados da região Norte, a capacidade de pagamento é prejudicada e ultrapassa os 14,5%. Por outro lado, alguns estados apresentaram grande recuo de preços, como Tocantins, Pernambuco, Maranhão, Goiás, Rio Grande do Norte e Ceará.

 

Nos meses de setembro e outubro, o etanol ficou ligeiramente mais barato para os consumidores brasileiros. As quedas foram de 0,55% e 1,92%, respectivamente. Com o insumo custando menos, passou a ser necessário dispender menos proporção do salário mínimo diário para a compra. Em 30/09/2023, na média para o país, o indicador ficou em 8,27%. Com o segundo recuo, fechou o mês de outubro a 8,11% – uma redução de 0,16 ponto percentual.

No âmbito estadual, três estados da região Norte se destacam negativamente: Amapá, Rondônia e Roraima. Consumidores destas três localidades necessitam dispender mais de 11% do salário mínimo diário para comprarem um litro de etanol. No Amapá, a situação é ainda mais crítica, cujo indicador foi superior a 12% no mês de setembro de 2023 (para o mês de outubro, não houve coleta de dados por parte da ANP).

Na outra ponta, o destaque é Mato Grosso, que possui o etanol mais barato do país. Uma queda entre os meses de setembro e outubro levou o indicador para 7,45%. Em seguida está o estado de São Paulo, com valores inferiores a 8%. Também merece destaque Goiás, cuja queda de preço do etanol foi significativa e levou o estado a apresentar um indicador de 7,7% do valor do salário mínimo diário.

 

Para o gás de cozinha (GLP), o preço médio nacional se mostrou estável nos meses de setembro de outubro, sendo R$ 101,85 e R$ 101,73, respectivamente. Sendo assim, o indicador de capacidade de pagamento para o Brasil não se alterou. São necessários 2,31 dias de trabalho, a nível de salário mínimo, para comprar um botijão de 13kg de gás.

Entre os estados, no entanto, a situação é mais heterogênea. Amazonas e Roraima, que já apresentavam os piores indicadores no mês de setembro, viram sua situação piorar ainda mais em outubro. No Amazonas, o preço do GLP subiu de R$ 118,51 para R$ 124,72, fazendo com que o indicador saltasse de 2,69 para 2,83. Em Roraima, o aumento foi de R$ 4,14, levando o indicador de 2,83 para 2,93.

Pernambuco é o estado com indicador mais favorável, já que possui o menor preço do insumo. São necessários 2,01 dias de trabalho, a nível de salário mínimo, para adquirir o botijão de gás. O indicador estadual permaneceu o mesmo nos meses de setembro e outubro. Os demais destaques são Alagoas e Rio de Janeiro. Ambos os estados mostraram melhorias no indicador devido às reduções de seus preços médios.

 

Indicador de competitividade do etanol frente à gasolina

Esse indicador tem o objetivo de mostrar para os consumidores qual combustível proporciona a maior economia em termos financeiros. Ou seja, indica em quais estados vale mais à pena abastecer com etanol ou gasolina.

 

Ao final de setembro de 2023, em 4 estrados o etanol se mostrava muito mais competitivo do que a gasolina. Em Mato Grosso, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, o indicador estava abaixo de 0,65. Além disso, também havia certa vantagem econômica para o etanol no Acre, Distrito Federal, Goiás e Paraná. Exceto pelo Acre, todos os estados são caracterizados por serem produtores de etanol, o que favorece o preço do biocombustível, já que os custos de transporte são mais baixos.

Considerando o período mais recente, 28/10/2023, é muito vantajoso abastecer com etanol em Mato Grosso, Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Distrito Federal e Paraná continuam sendo localidades favoráveis ao etanol. Além disso, há uma novidade: a Bahia. Pela primeira vez, a Bahia figurou durante todo mês no grupo em que a vantagem de optar pelo etanol é maior.

 

Sugestão de citação: Raeder, F.; Alves, B; Motta, W.; Souza, L. Indicadores dos Combustíveis – Setembro e Outubro de 2023Ensaio Energético, 06 de novembro, 2023.

 

Autor Fixo e Editor dos Indicadores do Ensaio Energético. Formado em Economia, Mestre e Doutorando em Economia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). É professor substituto da Faculdade de Economia da UFF e pesquisador do Grupo de Energia e Regulação (GENER/UFF).

Bruno Alves

Estudante a nível de bacharelado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Fluminense e integrante do Grupo de Pesquisa em Energia e Regulação (GENER/UFF).

Wolney Motta

Estudante a nível de bacharelado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Fluminense e integrante do Grupo de Pesquisa em Energia e Regulação (GENER/UFF).

Letícia Souza

Estudante a nível de bacharelado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Fluminense e integrante do Grupo de Pesquisa em Energia e Regulação (GENER/UFF).

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