Ensaio Energético

Indicadores Semanais dos Combustíveis – 5ª semana de julho/2023

Destaques

  • O preço interno da gasolina já apresenta uma defasagem, em relação ao preço no Golfo do México, superior a R$ 1,00, o que corresponde a um gap de -28,79%.
  • Cerca de 64% do diesel importado está vindo da Rússia, que vende derivados com desconto devido às sanções geradas pela guerra com a Ucrânia. Com isso, o gap de -7,34% do preço interno em relação à referência externa é o menor já verificado nos últimos meses.
  • Na bomba, gasolina, etanol e GLP estão mais baratos, melhorando a capacidade de pagamento dos consumidores.
  • A queda de preços do etanol, por mais uma semana, foi superior à queda da gasolina: 2,39% versus 0,72%. O biocombustível vem experimentando uma competitividade crescente nas últimas semanas em MT, SP e GO.

 

Indicadores de Gap

Em 28/07/2023, no cenário externo, a taxa de câmbio teve variações, com uma desvalorização do dólar frente ao real de 0,97%. No entanto, no Golfo do México, o galão de gasolina está mais caro em 13,18%. Como a desvalorização do dólar frente ao real foi muito menor do que o aumento do preço do combustível no mercado internacional, o gap da gasolina aumentou nesta semana, indo de 20,15% para 28,79% abaixo do Preço de Paridade de Importação (PPI). No último mês, portanto, a gasolina está se distanciando cada vez mais do PPI. O preço interno da gasolina já está cerca de R$ 1,02 defasado para menos em relação à referência internacional.

 

Para o diesel, o gap diminuiu 7,07 pontos percentuais, indo de 0,27% abaixo do PPI, na semana anterior, para 7,34% abaixo do PPI nesta semana. O novo gap é explicado devido ao aumento do preço praticado no mercado internacional ser maior que a desvalorização do dólar frente ao real. No Golfo do México, o preço do galão do diesel avançou cerca de 8,68% entre 21/07 e 28/07. O diferencial de preços, no entanto, é menor do que a gasolina. Internamente, o diesel no produtor está cerca de R$ 0,25 mais barato que o preço internacional de referência.

Uma parcela significativa do diesel consumido no Brasil (cerca de 30%) é proveniente de importações. Conforme aumenta o gap, mais custosa se torna a importação. No entanto, nos últimos meses, é crescente a participação do diesel russo nas importações brasileiras, que chegaram a 64% do total de diesel importado. Tendo em vista as sanções vigentes sobre a Rússia, devido ao conflito com a Ucrânia, a saída encontrada pelo país foi oferecer derivados do petróleo a preços mais baixos do que aqueles praticados no mercado internacional. Portanto, em certo grau, as importações realizadas com desconto minimizam os impactos da defasagem do diesel no mercado interno.

 

O GLP, por sua vez, não teve seu preço reajustado pela Petrobras, em 28/07/2023. No mercado internacional, a trajetória de preços foi de aumento, com um avanço de 10%. Como o dólar se desvalorizou frente ao real e o preço de referência aumentou, o gap do GLP apresentou uma diminuição. Atualmente, o botijão de 13kg está 25,66% acima do PPI.

 

Indicadores de Capacidade de Pagamento

O preço médio da gasolina recuou 0,72% na semana de 22/07/2023 a 29/07/2023, chegando ao patamar de R$ 5,55 o litro. Essa redução melhorou a capacidade de pagamento do consumidor final, que agora precisa desembolsar 12,61% do salário mínimo diário a cada litro adquirido. O último indicador era de 12,70%.

Os estados isoladamente acompanharam essa ligeira redução no preço. No Amapá, que possui a melhor posição no ranking, a capacidade de pagamento aumentou, tornando o preço mais competitivo. Em seguida estão o Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Os estados com a capacidade mais baixa são Rondônia, Amazonas e Acre, devido a maiores distâncias dos centros de distribuição.

 

O preço do etanol também caiu por outra semana consecutiva. A média nacional contraiu 2,39%, chegando a R$ 3,68 o litro. Com isso, o poder de compra do consumidor final aumenta. Agora é necessário comprometer 8,36% do salário mínimo diário a cada litro adquirido.

No âmbito estadual, o Mato Grosso melhora 0,21 pontos percentuais, e permanece com a melhor capacidade de pagamento, seguido do estado de São Paulo. Em Goiás também há melhoras: o estado ocupava a 5ª posição no ranking, e passa a ocupar a terceira. Por outro lado, a redução do preço nacional não chegou no estado do Amapá, que além de possuir a pior capacidade de pagamento, teve o indicador piorado. Roraima e Rondônia aparecem em seguida, com 11,61% e 11,18%, respectivamente.

 

O preço do botijão de 13kg de GLP caiu 0,23%, passando a custar em media R$ 101,63. Essa redução melhora a capacidade de pagamento para o combustível. O consumidor precisa dispor de 2,31 dias de trabalho a cada botijão adquirido.

A nível estadual, não houve alterações relevantes no ranking desde a última divulgação. Os estados com o GLP mais barato são Pernambuco e Alagoas. O Rio de Janeiro aparece em terceiro. Já as capacidades de pagamento mais baixas pertencem ao Amazonas, Mato Grosso, e por último Roraima.

 

Indicador de Competitividade do Etanol frente à Gasolina

As médias de preços dos combustíveis etanol hidratado e gasolina comum tiveram uma variação de -2,4% e 0,7%, respectivamente, para a semana de data final 29/07/2023. Quanto ao valor da razão entre o preço médio do etanol e da gasolina, houve queda para 18 estados e também no distrito federal, o que indica que o preço do etanol está se tornando mais atrativo. No entanto, no que se refere a mudanças de categoria de fato, não houve alterações significativas desde a divulgação do indicador da última semana (publicada em 26/07).

No Mato Grosso, o indicador teve o menor valor registrado para o ano, de 0,612 (etanol muito competitivo). O indicador se aproxima muito de 0,65 em São Paulo, com 0,652 e em Goiás com 0,654. Estes dois últimos estados estão cada vez mais próximos de passarem para o limiar em que o etanol é muito mais econômico. No Distrito Federal, por sua vez, o valor é de 0,682 e, em Minas Gerais, 0,686.

Os resultados da semana passada apontam que o preço médio do etanol no estado do Amapá, pela primeira vez no ano, estava abaixo do preço da gasolina (mesmo que de toda forma ainda apresentava a gasolina altamente competitiva, com indicador em 0,996). Este fato deixa de ser verdade nesta semana: o estado apresentou o indicador de 1,031, ou seja, o etanol volta a ser mais caro que a gasolina.

 

Para mais detalhes acerca da metodologia de cálculo dos três indicadores, clique aqui

 

Sugestão de citação: Raeder, F.; Alves, B.; Souza, L. Motta, W. Indicadores Semanais dos CombustíveisBoletim de Indicadores, 5ª semana de julho/2023. Ensaio Energético, 02 de agosto, 2023.

 

 

Autor Fixo e Editor dos Indicadores do Ensaio Energético. Formado em Economia, Mestre e Doutorando em Economia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). É professor substituto da Faculdade de Economia da UFF e pesquisador do Grupo de Energia e Regulação (GENER/UFF).

Letícia Souza

Estudante a nível de bacharelado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Fluminense e integrante do Grupo de Pesquisa em Energia e Regulação (GENER/UFF).

Bruno Alves

Estudante a nível de bacharelado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Fluminense e integrante do Grupo de Pesquisa em Energia e Regulação (GENER/UFF).

Wolney Motta

Estudante a nível de bacharelado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Fluminense e integrante do Grupo de Pesquisa em Energia e Regulação (GENER/UFF).

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