Destaques
- O preço da gasolina teve a maior diferença em 10 semanas, com redução de 6,55 p.p. na semana de 26/05/2023, ampliando a distância entre o preço interno e o Preço de Paridade de Importação (PPI).
- Mato Grosso do Sul e Amapá são os estados com menor gasto em gasolina em relação ao salário mínimo diário. O Amazonas continua sendo o estado com a maior parcela do salário mínimo destinada ao consumo de um litro de gasolina.
- A gasolina é muito competitiva em cerca de 80% dos estados, destacando-se Amapá e Rio Grande do Sul como os estados mais vantajosos para abastecer com gasolina em vez de etanol.
- A expectativa é que os indicadores apresentem uma considerável variação nas próximas semanas com a implementação do novo modelo de cobrança do ICMS, previsto para junho deste ano.
Indicadores de Gap
Na semana do dia 26/05/2023, o gap do preço da gasolina reduziu em 6,55 pontos percentuais, passando de -9,14% para -15,69%. Essa variação no gap da gasolina resultou em um preço interno mais distante do Preço de Paridade de Importação (PPI) e foi a maior diferença entre o preço doméstico e a referência internacional nas últimas 10 semanas. Além disso, houve um aumento de 7,87% no preço da commodity no Golfo do México. No que diz respeito ao câmbio, o dólar se desvalorizou em relação ao real, com a moeda estrangeira diminuindo cerca de 0,085%. Durante esse período, a Petrobras não comunicou nenhum reajuste no preço cobrado pelo litro de gasolina.
Diferentemente do gap no preço da gasolina, o gap do diesel permanece um pouco acima do PPI, aumentando de 1,29% acima do PPI na semana de 19/05/2023 para 2,64% acima do PPI em 26/05/2023. Durante esse período, o preço do galão de óleo diesel no Golfo do México, que serve como referência, diminuiu cerca de 1,23%. A Petrobras não comunicou nenhum reajuste no preço cobrado pelo litro do diesel na quarta semana de maio.
Na semana de 19/05/2023, o déficit de preço do GLP verificado foi de 29,65% acima do PPI. Já em 26/05/2023, o indicador atual caiu para 28,13%. A redução da distância do déficit do GLP em relação ao PPI em 1,52 p.p. se deve ao câmbio favorável, com a valorização do real em relação ao dólar, em um montante de 0,085%, apesar do aumento do preço do galão de GLP no mercado de referência, que cresceu 1,27% em relação à semana anterior.
Indicadores de Capacidade de Pagamento
Após o anúncio da nova estratégia de preços da Petrobras, os preços médios de revenda da gasolina, etanol e GLP no Brasil apresentaram uma redução. Essa queda se reflete nos indicadores que avaliam a capacidade de poder de compra desses combustíveis.
Com a diminuição dos preços da gasolina, o percentual do salário mínimo diário necessário para adquirir um litro desse combustível também foi reduzido.
Em relação à publicação anterior, observa-se que o Mato Grosso do Sul e o Amapá substituíram Pernambuco como os estados em que o gasto com um litro de gasolina representa uma menor porcentagem do salário mínimo diário. Em números, essa diferença atual corresponde a uma diminuição de 4,95 pontos percentuais.
No extremo oposto, o Amazonas mantém sua posição como o estado em que o gasto com um litro de gasolina representa a maior parcela do salário mínimo diário em comparação com os demais estados. No entanto, esse percentual do salário reduziu em 4,5% em relação à semana anterior.
Em média, o país como um todo registrou uma diminuição de 3,94% nesse indicador.
Uma redução no preço médio de revenda do etanol resulta em uma menor proporção do salário mínimo diário do consumidor destinada ao consumo desse combustível. Em média, essa proporção diminuiu em 2,07%.
Ao analisar os extremos do gráfico acima, observa-se que o Mato Grosso ainda apresenta o menor percentual, enquanto Roraima o maior. Ambos os percentuais diminuíram, o primeiro em 3,79 pontos percentuais e o segundo em 1,04 p.p.
No Brasil, na quarta semana de maio são necessários 2,46 dias de trabalho para adquirir um botijão de GLP, o que representa uma diminuição de 2,74% em relação à semana anterior.
Quando observamos os estados individualmente, verificamos que Pernambuco possui a menor quantidade de dias necessários (2,10) para comprar um botijão de 13kg de GLP. Em contrapartida, Roraima apresenta a maior quantidade de dias necessários (2,93).
Indicador de Competitividade do Etanol frente à Gasolina
Para a semana de 20/05/2023 a 27/05/2023, apenas o estado do Mato Grosso apresenta vantagem no uso do etanol em relação à gasolina. Na última publicação do indicador, o Amazonas também se enquadrava nessa posição, porém, para esta semana, o valor do indicador para esse estado é de 0,73, colocando-o na faixa que consideramos a gasolina relativamente competitiva (indicado em cinza claro no gráfico).
Os estados de São Paulo (0,725), Acre (0,798), Minas Gerais (0,737), Goiás (0,731) e Amazonas (0,731), representados em cinza claro no mapa, também apresentam a gasolina como relativamente competitiva. No entanto, devido à forma como o indicador é calculado, usando o preço médio de revenda (que pode variar consideravelmente), ainda há uma margem considerável para que o etanol seja competitivo em várias localidades dentro desses estados.
Novamente, o indicador apresentou valores maiores que 0,75 para a maioria dos estados, com uma média aritmética de 0,82. Em 21 das 27 observações, a gasolina é muito competitiva. Retirando a observação do Distrito Federal, a gasolina é muito competitiva em cerca de 80% dos estados do Brasil, representados em cinza escuro no mapa. Destaca-se que o Amapá (com indicador de 1,097) e o Rio Grande do Sul (de 0,941) são os estados onde é mais vantajoso consumir gasolina comum.
Cabe destacar que, em linhas gerais, houve uma piora quase que generalizada da vantagem do consumo do etanol para a região Norte, já que o indicador aumentou para todos, exceto para o Tocantins (que permaneceu o mesmo da última semana). Aliás, somente em quatro estados o indicador não apresentou aumento.
A expectativa para as próximas semanas é que os indicadores apresentem uma considerável variação frente à implementação do novo modelo de cobrança do ICMS, que entrará em vigor em junho deste ano. Nesse novo modelo, a alíquota do ICMS será unificada em todos os estados em reais por litro. A nova alíquota estabelecida será de R$1,22 por litro, o que resultará em um aumento dos preços nos estados onde a cobrança era menor, e uma possível redução nos estados onde era maior.
Esse aumento de preço nos estados com alíquota menor possui o maior potencial de afetar a dinâmica dos preços, uma vez que em 22 estados os tributos representavam menos de R$1,22 /litro. Um exemplo é São Paulo, onde a alíquota anterior era de R$0,89 por litro.
Para mais detalhes acerca da metodologia de cálculo dos três indicadores, clique aqui
Sugestão de citação: Rodrigues, N.; Souza, L. O.; Alves, B. A.; Amaral, L. Indicadores Semanais dos Combustíveis. Boletim de Indicadores, 4ª semana de maio/2023. Ensaio Energético, 25 de maio, 2023.
Editora-chefe do Ensaio Energético. Economista pela UFRRJ, mestre em Economia Aplicada pela UFV e doutora em Economia pela UFF. Professora do Departamento de Ciências Econômicas da UFF, professora do Programa de Pós Graduação em Economia (PPGE/UFF) e pesquisadora do Grupo de Energia e Regulação (GENER/UFF).
Letícia Souza
Estudante a nível de bacharelado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Fluminense e integrante do Grupo de Pesquisa em Energia e Regulação (GENER/UFF).
Bruno Alves
Estudante a nível de bacharelado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Fluminense e integrante do Grupo de Pesquisa em Energia e Regulação (GENER/UFF).
Luma Amaral
Graduanda em Economia pela UFF, é aluna pesquisadora do Grupo de Energia e Regulação (GENER/UFF) e estagia na área de Inteligência de Mercado na Eneva.
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