Destaques
- Com a redução no preço da gasolina anunciada pela Petrobras, o preço interno se distanciou ainda mais do preço de paridade de importação (PPI), deixando a gasolina no Brasil mais barata que a referência internacional;
- No cenário externo, o diesel e o GLP ficaram mais baratos. No entanto, a Petrobras não reajustou o preço desses energéticos no Brasil, fazendo com que o gap aumentasse nesta semana;
- Para os consumidores finais, gasolina, etanol e GLP estão mais baratos, melhorando os indicadores de capacidade de pagamento;
- O recuo de preços do etanol foi maior que o recuo de preços da gasolina, o que melhorou marginalmente a competividade do etanol em alguns estados, como no Paraná.
Indicadores de Gap
Na semana do dia 16/06/2023, o gap da gasolina teve uma diminuição de 0,88 pontos percentuais, passando de -8,88% para -9,74%. Essa variação deixou o preço interno mais afastado do Preço de Paridade de Importação (PPI). No cenário externo, houve uma queda de 2,54% no preço da commodity no Golfo do México. No que diz respeito ao câmbio, houve uma desvalorização do dólar frente ao real, com a moeda estrangeira diminuindo cerca de 1,22%. Durante esse período a Petrobras comunicou uma diminuição de 4,64% no preço cobrado pelo litro de gasolina. Portanto, a redução do preço doméstico foi maior que o impacto conjunto do dólar mais barato em relação ao real e a queda do preço no exterior.
Por sua vez, o gap do diesel sofreu alterações, aumentou 4,73 pontos percentuais, saindo de 4,79% acima do PPI na semana de 09/06/2023 para 9,52%, também acima do PPI, em 16/06/2023. Isso indica que os preços domésticos do diesel ficaram ainda mais altos do que aqueles praticados no mercado internacional. O preço do galão do diesel no Golfo do México diminuiu em torno de 3,15%. Durante esse período, a Petrobras não comunicou nenhum reajuste no preço cobrado pelo litro do combustível. Portanto, o aumento do gap foi decorrente de fatores externos.
Na semana de 09/06/2023, o gap do GLP verificado foi de 38,83% acima do PPI. Já em 16/06/2023, o indicador atual foi de 54,64%, apresentando um grande salto. No mercado internacional, o preço do galão de GLP diminuiu um percentual de 9,12% em relação à semana anterior. Durante esse período a Petrobras não comunicou nenhum reajuste no preço cobrado pelo litro do GLP. Uma análise gráfica mostra que a alteração na política de precificação, em meados de maio, não alterou de maneira significativa a dinâmica de formação de preços do GLP.
Indicadores de Capacidade de Pagamento
Com o reajuste de R$ 0,13 para baixo nas refinarias da Petrobras, o preço na bomba também recuou nesta semana, mas em menor proporção. Na média nacional, o litro da gasolina está mais barato nesta semana, a R$ 5,40. Na semana anterior, o preço médio era R$ 5,42. Portanto, o recuo ao consumidor final foi de 0,37%. Essa redução, por sua vez, ocasionou uma melhoria na capacidade de pagamento, já que o indicador recuou de 12,32% do salário mínimo diário para 12,27%.
De um lado, o Amapá continua, mais uma vez, tendo a gasolina mais barata do país. No estado, é necessário separar 11,50% do salário mínimo diário para adquirir um litro de gasolina. Maranhão e Paraíba se mantiveram no topo da lista nesta semana. Por outro lado, na parte inferior do ranking, o Acre também continuou com o posto de gasolina mais cara, considerando todos os estados. Lá, um consumidor precisa utilizar 13,73% do seu salário mínimo diário para comprar o insumo. Embora a situação seja desfavorável, houve melhoria, uma vez que o indicador de capacidade de pagamento na semana anterior era de 13,82% no estado. Rondônia e Amazonas completam a lista de piores capacidades de pagamento para a gasolina.
Por sua vez, o preço médio do etanol também recuou entre 10/06/2023 e 17/06/2023. Na semana passada o litro custava, em média, R$ 3,80 na bomba. Nesta semana, o preço está na casa dos R$ 3,77, o que representa uma redução de aproximadamente 0,79%. Assim, o indicador nacional de capacidade de pagamento do etanol melhorou 0,07 pontos percentuais, indo de 8,64% do salário mínimo diário para 8,57% nesta semana.
Além de Mato Grosso se manter com a melhor capacidade de pagamento estadual, o preço médio do etanol ainda recuou no estado, fazendo com que o índice se alterasse de 7,95% para 7,86% nesta semana. São Paulo e Minas Gerais vêm em seguida, com preços mais em conta para o etanol. Na parte de baixo da tabela, Rondônia, Roraima e Acre apresentaram, nesta semana, o etanol mais caro. No Amapá, o preço na bomba permaneceu o mesmo. Em Rondônia e em Roraima, houve aumentos, deteriorando a capacidade de pagamento desses estados.
O terceiro e último indicador de capacidade de pagamento é o GLP. Assim como gasolina e etanol, o preço ao consumidor final do botijão de gás de 13kg também recuou entre 10/06/2023 e 17/03/2023. O recuo, a nível nacional, foi de R$ 0,47, equivalente a 0,45%. Como consequência, houve melhoria marginal no indicador nacional. Na semana passada, um trabalhador precisava trabalhar 2,36 dias, recebendo um salário mínimo, para comprar um botijão de 13kg de GLP. Nesta semana, são necessários 2,35 dias de trabalho.
Os três estados com preços menores para o GLP continuam sendo Pernambuco, Rio de Janeiro e Espírito Santo, respectivamente. Como consequência, a capacidade de pagamento nesses estados é mais alta, sendo de 2,12 para Pernambuco, 2,13 para o Rio de Janeiro e 2,17 para o Espírito Santo. Por outro lado, o GLP é mais caro em Rondônia, no Mato Grosso e em Roraima. Nesses estados, são necessários mais de 2,75 dias de trabalho para que o trabalhador que ganha um salário mínimo consiga adquirir o insumo.
Indicador de Competitividade do Etanol frente à Gasolina
Em publicação passada, mais especificamente a do dia 31/05/2023 (confira aqui), apontamos a mudança de cobrança do ICMS com a questão de alíquota fixa em R$/Litro padronizada para todos os estados, de modo que as expectativas eram de aumento dos preços dos combustíveis em pelo menos 23 estados. De fato, a média nacional dos preços do etanol hidratado e gasolina comum subiu em 0,8% e 4,03%, respectivamente, do dia 03/06 a 10/06, e os preços estaduais também apresentaram um salto. Em Sergipe, por exemplo, o preço médio da gasolina era de R$4,99 em 03/06 e foi para R$5,54 em 10/06, o que representa aproximadamente uma ascensão de 10%.
Passada a fase inicial do choque da primeira semana de junho, os preços referentes à presente análise, da observação de 17/06/2023, se mantiveram relativamente estáveis. Enquanto ao indicador de competitividade em si, frente ao aumento do preço da gasolina em maior peso, houve queda dos preços relativos.
Os estados onde há vantagem de consumo do etanol frente a gasolina seguem como São Paulo (0,688) e Mato Grosso (0,634). Sendo o único estado a mudar de categoria o Paraná, que foi de estado onde a gasolina é “muito competitiva” para onde é “competitiva”, apresentando um valor do indicador de 0,745, que se encaixa no limiar do critério por nós estabelecido, de 0,75. Fica clara a maior competitividade do etanol na Região Centro-Sul do país, caracterizada por ser o maior centro produtor de etanol.
Para mais detalhes acerca da metodologia de cálculo dos três indicadores, clique aqui
Sugestão de citação: Raeder, F.; Alves, B.; Souza, L. Indicadores Semanais dos Combustíveis. Boletim de Indicadores, 3ª semana de junho/2023. Ensaio Energético, 21 de junho, 2023.
Autor Fixo e Editor dos Indicadores do Ensaio Energético. Formado em Economia, Mestre e Doutorando em Economia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). É professor substituto da Faculdade de Economia da UFF e pesquisador do Grupo de Energia e Regulação (GENER/UFF).
Bruno Alves
Estudante a nível de bacharelado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Fluminense e integrante do Grupo de Pesquisa em Energia e Regulação (GENER/UFF).
Letícia Souza
Estudante a nível de bacharelado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Fluminense e integrante do Grupo de Pesquisa em Energia e Regulação (GENER/UFF).