Destaques
- Os preços internos da gasolina e do diesel apresentaram as maiores defasagens em relação aos preços praticados no Golfo do México: 31,79% e 17,02% abaixo da referência, respectivamente.
- Embora o GLP seja vendido a um preço superior ao praticado no mercado internacional, o gap verificado é o menor dos últimos meses.
- Na bomba, todos os combustíveis estão mais baratos. Etanol, gasolina e GLP recuaram 1,63%, 0,54% e 0,25%, respectivamente.
- Em Mato Grosso, São Paulo e Goiás, é muito mais econômico para o consumidor abastecer com etanol. Também há certa vantagem para o etanol em Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Distrito Federal.
Indicadores de Gap
Em 04/08/2023, a Petrobras não comunicou nenhuma alteração no preço da gasolina em suas refinarias. No cenário externo, a taxa de câmbio teve variações, com uma valorização do dólar frente ao real de 2,96%. Por sua vez, no Golfo do México, o galão de gasolina está mais caro em 1,41%. Ambos os fatores relacionados ao mercado externo exerceram pressão de alta na gasolina. Assim, com a valorização do dólar frente ao real e o aumento do preço do combustível no mercado internacional, o gap da gasolina aumentou nesta semana, indo de 28,79% para 31,79% abaixo do Preço de Paridade de Importação (PPI). No último mês, portanto, a gasolina está se distanciando mais do PPI, sendo comercializada a R$ 1,18 abaixo da referência internacional.
Para o diesel, o gap aumentou 9,38 pontos percentuais, indo de 7,34% abaixo do PPI, na semana anterior, para 17,02% abaixo do PPI nesta semana. A ampliação do gap ocorreu devido ao aumento do preço praticado no mercado internacional e à valorização do dólar frente ao real. No Golfo do México, o preço do galão do diesel avançou cerca de 8,47% entre 28/07 e 04/08. Já no cenário doméstico, não houve reajuste de preços do diesel anunciados pela Petrobras. Cabe destacar que o atual gap do diesel pode ser considerado como um significativo descolamento dos preços de referência do mercado internacional. Desde o lançamento dos indicadores, não foi verificado um gap negativo tão alto.
O GLP, por último, não teve seu preço reajustado para baixo pela Petrobras na semana finda em 04/08/2023. No mercado internacional, a trajetória de preços também foi de aumento, com um avanço de 9,55%. Como o preço interno não se alterou, o dólar valorizou frente ao real e o preço de referência aumentou, o gap do GLP apresentou uma diminuição. Atualmente, o botijão de 13kg está 11,42% acima do PPI. Assim como nos casos da gasolina e do diesel, o gap do GLP é o menor já verificado nos boletins semanais.
Indicadores de Capacidade de Pagamento
Na primeira semana de agosto, o preço nacional médio da gasolina apresentou um recuo de 0,54%, melhorando os indicadores de capacidade de pagamento em 0,09 pontos percentuais. O preço de revenda da gasolina é de R$ 5,52 e representa cerca de 12,55% do salário mínimo diário.
No cenário estadual, o Amapá deixou a liderança de estado com a gasolina mais barata na bomba e melhor capacidade de pagamento, sendo substituído pelo Mato Grosso do Sul. Minas Gerais e Maranhão completam a lista de maiores capacidades de pagamento dos consumidores. Na ponta extrema do ranking, com menor poder de compra permanecem os estados de Rondônia, Amazonas e Acre. A diferença de preços entre o Mato Grosso do Sul e o Acre supera R$ 1,16.
Os indicadores de capacidade de pagamento para o etanol também apresentaram melhorias na primeira semana de agosto. A nível nacional, o preço do biocombustível recuou 1,63%, saindo de R$ 3,68 para R$ 3,62. É necessário dispender 8,23% do salário mínimo diário para a compra de 1 litro de etanol. Na semana passada, o indicador verificado foi de 8,36%.
Nos três primeiros estados do ranking (Mato Grosso, São Paulo e Goiás), o preço do etanol caiu 1,20%, 2,00% e 2,54%, reforçando as melhorias dos indicadores locais. Por outro lado, os estados da região norte mais uma vez são aqueles que apresentam menores capacidades de pagamento. No Acre, o percentual necessário para adquirir um litro de etanol se descola dos demais e chega a ser superior a 12,9% do salário mínimo diário.
Em relação ao GLP, o preço médio nacional recuou R$ 0,25 na primeira semana de agosto, o que representa uma queda de 0,25%. Na média, o botijão de 13kg de gás é comercializado a R$ 101,38. Sendo assim, o indicador nacional de capacidade de pagamento caiu de 2,31 para 2,30. Ou seja, são necessário 2,3 dias de trabalho, a nível de salário mínimo, para que seja possível comprar o insumo.
Pernambuco é o estado que apresenta o menor preço para o GLP, levando o indicador de capacidade de pagamento ficar próximo a 2. Alagoas e Rio de Janeiro completam o ranking de maior poder de compra para o botijão de gás. O destaque negativo é o estado de Roraima, em que o GLP é comercializado com preço mais alto. Pelo gráfico, é possível notar um descolamento em relação aos demais, com indicador de 2,86 – 0,16 a mais do que o penúltimo colocado (Mato Grosso).
Indicador de Competitividade do Etanol frente à Gasolina
Para a semana de análise com fim em 05/08/2023, os indicadores apontam 3 estados com o etanol muito competitivo. Em São Paulo, Mato Grosso e Goiás, o indicador é de grandeza menor que o estipulado como critério para entrada na categoria (0,65), ou seja, há forte vantagem, em média, de consumo do combustível frente à gasolina. Na última semana apenas o Mato Grosso se consolidava como estado com etanol altamente competitivo, e a entrada dos outros dois nesta se deve principalmente a uma certa estabilidade dos preços da gasolina comum (redução de 0,54% nesta semana) em confronto com uma pequena variação negativa dos preços do etanol hidratado, que recuaram 1,63%.
Outra mudança no gráfico de mapa foi a do Mato Grosso do Sul. Agora, o estado se apresenta como vantajoso para o consumo do etanol, apresentando um indicador de 0,694. No lado oposto, no Acre, o litro do etanol é vendido a um preço superior ao da gasolina, o que resulta em um indicador superior à unidade. O estado é o único no país em que o etanol é mais caro do que o combustível alternativo. Por fim, a nível nacional, o indicador médio é de 0,774, sendo o menor já verificado nos últimos três meses.
Para mais detalhes acerca da metodologia de cálculo dos três indicadores, clique aqui
Sugestão de citação: Raeder, F.; Alves, B.; Souza, L. Motta, W. Indicadores Semanais dos Combustíveis. Boletim de Indicadores, 1ª semana de agosto/2023. Ensaio Energético, 09 de agosto, 2023.
Autor Fixo e Editor dos Indicadores do Ensaio Energético. Formado em Economia, Mestre e Doutorando em Economia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). É professor substituto da Faculdade de Economia da UFF e pesquisador do Grupo de Energia e Regulação (GENER/UFF).
Bruno Alves
Estudante a nível de bacharelado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Fluminense e integrante do Grupo de Pesquisa em Energia e Regulação (GENER/UFF).
Letícia Souza
Estudante a nível de bacharelado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Fluminense e integrante do Grupo de Pesquisa em Energia e Regulação (GENER/UFF).
Wolney Motta
Estudante a nível de bacharelado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Fluminense e integrante do Grupo de Pesquisa em Energia e Regulação (GENER/UFF).
Bom dia!
Gostaria de saber porque não estão mais divulgando semanalmente os Indicadores Semanais de Combustíveis? Era uma informação tão útil e interessante para podermos acompanhar a situação de preços.
Peço que reconsiderem e voltem a divulgar esta informação tão importante.