O GASBOL ficará vazio? Uma análise dos impactos no fornecimento à TBG ocasionados pela mudança do perfil da oferta de gás natural
A produção de gás boliviano vem declinando rapidamente e espera-se que a Bolívia não tenha excedente significativo para exportar gás ao Brasil já no início da década de 2030. Por outro lado, espera-se que a produção nacional de gás natural aumente consideravelmente ao longo dos próximos anos, com a entrada em operação da Rota 3 e com o desenvolvimento dos projetos BM-C-33 e SEAP. Assim, haverá uma mudança no perfil da oferta firme de gás no Brasil, onde a Bolívia terá cada vez menos importância e a produção nacional terá cada vez mais, especialmente nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Essa mudança exigirá que a TBG seja suprida através da malha da NTS e não mais através da Bolívia. Isso levanta uma grande preocupação em relação ao atendimento dos consumidores na área de influência do GASBOL. Dessa maneira, este artigo busca analisar os impactos no fornecimento à TBG ocasionados pela mudança do perfil da oferta de gás em 2032. Identificamos que existe um excedente de gás suficiente na malha da NTS para satisfazer as necessidades da TBG, no entanto, não existe capacidade de transporte suficiente para tal. Embora tenhamos estimado uma transferência potencial de gás firme da NTS à TBG em cerca de 29 MMm3/d em 2032, quando contabilizamos os gargalos de infraestrutura no sistema da NTS estimamos uma transferência factível de 5 MMm3/d em 2032. A conclusão é de que, caso esses gargalos não forem superados, o resultado será a criação de duas áreas de mercado de gás com preços potencialmente diferentes, onde a TBG dependeria de importações de GNL e a NTS e a TAG teriam excesso de gás nacional.