Embora o mercado de biometano no Brasil seja incipiente, espera-se uma rápida expansão ao longo dos próximos anos. Algumas estimativas sugerem que o Brasil teria um potencial de produzir cerca de 120 MMm³/d de biometano, sendo os resíduos do setor sucroalcooleiro a matéria-prima mais importante. Esse potencial ficou conhecido como Pré-sal Caipira, em alusão as volumosas reservas de óleo e gás natural localizadas no polígono do Pré-sal. Todavia, esse grande aumento esperado pode não se materializar, dado a escassez de infraestrutura de transporte de gás natural. Enquanto as usinas de etanol, principais geradoras de resíduos para produção de biometano no Brasil, se localizam no interior do país, a infraestrutura de transporte de gás natural está concentrada no litoral. Dessa maneira, este artigo visa estimar o potencial de biometano dos resíduos do setor sucroalcooleiro, a fim de identificar se esse potencial se encontra em regiões com alta ou baixa demanda por gás natural. Encontramos que esse potencial, embora seja volumoso, se localiza em regiões com baixa demanda por gás natural. Portanto, para que a oferta de biometano não fique restringida pela falta de demanda, se faz necessário a conexão da produção de biometano à malha interligada de gasodutos, uma vez que isso permitiria a comercialização aos grandes centros consumidores de gás. Caso essa conexão não seja feita, o desenvolvimento do mercado de biometano ficará comprometido. Isso porque o desenvolvimento do potencial de biometano do setor sucroalcooleiro não passaria pela sua comercialização no mercado brasileiro, mas sim pelo autoconsumo de biometano nas lavouras de cana-de-açúcar e/ou pelo aproveitamento do biogás para geração de energia elétrica.