1. Indicadores de Gap
Na semana do dia 12/05/2023, o gap da gasolina teve uma redução de 2,44 pontos percentuais, passando de 7,37% para 4,93%. Embora o preço interno ainda esteja acima do Preço de Paridade de Importação (PPI), o preço doméstico está mais próximo da referência internacional. Durante esse período, a Petrobras não comunicou nenhum reajuste no preço cobrado pelo litro de gasolina. Nesse sentido, a variação semanal do gap da gasolina é decorrente de variações nos mercados externos. No que diz respeito ao câmbio, houve uma desvalorização do dólar frente ao real, com a moeda estrangeira caindo cerca de 0,65%. No entanto, a maior parte da redução da defasagem foi explicada pelo aumento de 2,91% no preço da commodity no Golfo do México.
Por sua vez, o gap do diesel sofreu alterações, caindo de 20,18% acima do PPI na semana de 05/05/2023 para 18,69% acima do PPI em 12/05/2023. Isso indica que os preços domésticos do diesel estão se aproximando dos preços praticados no mercado internacional. Essa tendência de redução do gap pode ser observada nas últimas três semanas. Assim como ocorreu com a gasolina, o preço do diesel do Golfo do México também aumentou em torno de 1,89%. Com o diesel mais caro no exterior e sem reajustes no Brasil, houve uma pequena diminuição no gap de preço.
O GLP foi o único combustível que seguiu uma tendência oposta. Enquanto houve reduções no gap de preço da gasolina e do diesel, o gap de preços do GLP aumentou ligeiramente. Na semana de 05/05/2023, o gap verificado foi de 44,10% acima do PPI. Já em 12/05/2023, o indicador atual está pouco acima a 45%. Desde a primeira semana de abril, é possível notar uma tendência de afastamento do preço de referência, resultando em um aumento no gap. No mercado internacional, o preço do GLP manteve-se constante em relação à semana anterior. Nesse sentido, foi a leve desvalorização do dólar que tornou o preço do energético mais barato no exterior, ampliando o gap. É importante destacar que, nesta semana, não houve alterações de preços domésticos do GLP.
2. Indicadores de Capacidade de Pagamento
O destaque em relação aos indicadores de capacidade de compra está relacionado à mudança estabelecida na Medida Provisória 1172/23, que reajustou o salário mínimo para R$ 1.320,00 em 1º de maio de 2023. Antes desse reajuste, o salário mínimo nacional era de R$ 1.302,00, reajustado em janeiro deste ano. Com esse ajuste, o salário mínimo diário aumentou de R$43,40 para R$44,00. Esse novo valor representa cerca de 1,38% de aumento no poder de compra.
Entre 28/04/2023, data do último indicador de capacidade de pagamento, e 13/05/2023, o preço médio da gasolina no Brasil recuou 0,36%, o equivalente a R$ 0,02. Com a combinação de gasolina mais barata e salário mínimo diário mais elevado, houve uma melhora geral na capacidade de pagamento do combustível. Enquanto no mês passado era necessário destinar 12,70% do salário mínimo diário para adquirir 1 litro de gasolina, o indicador de capacidade de pagamento apresentou uma redução, chegando a 12,48% nesta semana.
No que diz respeito aos estados, o Amapá continua sendo o estado com maior capacidade de pagamento, enquanto o Amazonas mantém-se como o de menor capacidade. O destaque positivo vai para Sergipe, que saltou posições no ranking e agora ocupa a 2ª colocação em termos de maior capacidade de pagamento.
Assim como a gasolina, o preço médio do etanol também recuou no Brasil, cerca de 0,24%. Em média, este declínio representa cerca de R$ 0,01. Com isso, devido ao combustível estar marginalmente mais barato e ao reajuste do salário mínimo para cima, os indicadores de capacidade de pagamento para o etanol também apresentaram uma melhoria. A capacidade de pagamento nacional melhorou em cerca de 0,15 ponto percentual, o que significa que agora é necessário destinar 9,30% do salário mínimo diário para a compra de 1 litro de combustível, em comparação com os 9,45% registrados em 28/04/2023.
Mato Grosso, São Paulo e Paraíba continuam no topo da classificação com as maiores capacidades de pagamento em relação ao etanol. Por outro lado, o Amazonas, que antes ocupava a última colocação no ranking, obteve um salto significativo, indo da 26ª para a 17ª posição. Atualmente, a pior capacidade de pagamento é a da Roraima, que apresentou piora entre abril e maio. Vale ressaltar que a ANP não divulgou o preço médio do etanol no Amapá em 13/05/2023, impossibilitando o cálculo do indicador para esse estado.
O último indicador de capacidade de compra analisado refere-se ao GLP. Apesar do aumento no salário mínimo diário, em 13/05/2023 houve uma piora generalizada nos indicadores. Isso ocorreu porque o aumento de R$ 1,30 no preço médio nacional no botijão de 13kg de gás foi superior ao aumento no salário mínimo diário. Se antes eram necessários 2,48 dias de trabalho para comprar uma unidade de 13kg de GLP, agora são necessários 2,56 dias.
Os estados do Rio de Janeiro e Sergipe mantiveram-se como os estados com maiores capacidades de pagamento para o GLP. O aumento nesses dois estados foi marginal, passando de 2,19 para 2,21 e de 2,25 para 2,27 dias de trabalho necessários, respectivamente. Vale ressaltar que Sergipe saltou da 7ª para 3ª melhor capacidade de pagamento no ranking, o que é uma melhora significativa. Os destaques negativos continuam sendo para estados da região Norte. No Amazonas, em Rondônia e em Roraima, são necessários quase 3 dias de trabalho para adquirir esse insumo.
3. Indicador de Competitividade do Etanol frente à Gasolina
O indicador de competitividade entre etanol e gasolina em 13/05/2023 mostra que é mais econômico abastecer com etanol em dois estados: Mato Grosso e Amazonas. No entanto, é importante destacar uma ressalva para o indicador do Amazonas. Como a relação entre os preços é exatamente 0,70, torna-se indiferente para o consumidor optar por gasolina ou etanol na hora de abastecer.
Para o Distrito Federal, São Paulo, Goiás e Acre, cujos indicadores estão entre 0,70 e 0,75, há uma margem para utilizar o etanol como opção de abastecimento. Portanto, é essencial que o consumidor faça os cálculos no momento de encher o tanque, pois em algumas localidades desses estados pode ser mais econômico abastecer com o etanol, já que os preços variam em torno das médias estaduais.
Sugestão de citação: Raeder, F.; Souza, L. O.; Alves, B. A. Indicadores Semanais dos Combustíveis. Boletim de Indicadores, 2ª semana de maio/2023. Ensaio Energético, 17 de maio, 2023.
Autor Fixo e Editor dos Indicadores do Ensaio Energético. Formado em Economia, Mestre e Doutorando em Economia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). É professor substituto da Faculdade de Economia da UFF e pesquisador do Grupo de Energia e Regulação (GENER/UFF).
Letícia Souza
Estudante a nível de bacharelado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Fluminense e integrante do Grupo de Pesquisa em Energia e Regulação (GENER/UFF).
Bruno Alves
Estudante a nível de bacharelado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Fluminense e integrante do Grupo de Pesquisa em Energia e Regulação (GENER/UFF).