Introdução
A indústria de óleo e gás destaca-se na geração de renda e nas emissões de gases de efeito estufa (GEEs), além de impulsionar o desenvolvimento de outros setores e garantir a segurança energética e o avanço tecnológico no Brasil. A importância desse setor vai além da simples extração de recursos naturais, pois ele desempenha um papel crucial na infraestrutura econômica do país, fornecendo energia para a indústria, transporte e consumo doméstico.
A abordagem metodológica utiliza os modelos aberto (sem indução da renda) e fechado (com indução da renda)[1] para analisar efeitos multiplicadores e como uma variação da demanda final afeta as variáveis econômicas (valor bruto de produção, valor adicionado, salários e empregos) e ambientais. Essa é uma ferramenta que permite compreender as interdependências econômicas e os efeitos em cadeia que um investimento significativo pode gerar em toda a economia. O investimento considerado reflete o valor previsto no Relatório Anual de Exploração da SEP/ANP de 2023, que é um documento oficial que detalha as previsões de investimentos no setor de petróleo e gás para fase de exploração do hidrocarboneto.
O estudo destaca que um investimento de R$ 18,31 bilhões no setor gera R$ 606 bilhões em valor bruto de produção, R$ 314 bilhões em valor adicionado, R$ 124 bilhões em salários e 837.133 empregos, considerando a indução de renda. No entanto, a atividade resulta na emissão de 4,3 milhões de toneladas de CO2eq. diretamente e 6,7 milhões de toneladas considerando toda a economia. Além disso, os setores com maiores emissões de GEE são aqueles com interdependência direta com o setor de extração.
Especificamente sobre o impacto ambiental, o setor de extração de petróleo e gás representou cerca de 64,33% das emissões totais da economia no período analisado. Os setores mais impactados pelas emissões incluem transporte terrestre, produção de ferro gusa/ferroligas, siderurgia e tubos de aço sem costura, e água, esgoto e gestão de resíduos. Esses dados reforçam a necessidade de equilibrar o desenvolvimento econômico com a sustentabilidade ambiental.
Metodologia
O objetivo do estudo é calcular os impactos econômicos e ambientais do setor. Para isso, foi utilizado o modelo da Matriz de Insumo Produto (MIP), o qual foi originalmente formulado por Wassily Leontief publicado em 1941. Esse modelo possui característica de análise dos fluxos de compra e venda de insumo entre os diferentes setores econômicos para produzir os bens e serviços de uma economia.
As hipóteses do modelo partem da premissa que há uma relação constante entre o consumo intermediário e o valor da produção (modelo de equilíbrio geral), com a simplificação, que considera um único produto (bem ou serviço) por atividade econômica. Em outras palavras, essa relação é fixa, contando com um sistema de 𝑛 equações lineares com 𝑛 incógnitas, em que n representa o número de setores do modelo.
Mais detalhes sobre a metodologia do trabalho pode ser consultado em Silva (2024).
Impactos econômicos
Os impactos sociais, econômicos e ambientais gerados pelo setor de extração de petróleo e gás natural foram calculados a partir de multiplicadores setoriais da matriz de insumo-produto. Essa metodologia permite quantificar os efeitos diretos, indiretos e induzidos de um choque exógeno na demanda final de R$ 18,3 bilhões (ANP, 2023). Os resultados são apresentados a seguir, divididos entre os impactos econômicos gerais e as comparações entre os cenários com e sem a indução de renda.
A tabela 1 detalha os multiplicadores obtidos para uma unidade adicional de demanda final no setor de extração de petróleo e gás, incluindo suas atividades de apoio. Esses multiplicadores refletem os efeitos totais (diretos, indiretos e induzidos) sobre o valor bruto de produção (VBP), valor adicionado (VA), salários e empregos. Em outros termos, os multiplicadores refletem o quanto de valor bruto de produção, valor adicionado (PIB), salários e empregos são gerados no setor a cada um real investido.
Tabela 1 – Multiplicadores econômicos do setor de Extração de Petróleo e Gás
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados de Alves-Passoni & Freitas (2022).
- Valor de produção: Cada unidade adicional de demanda final do setor gera 4,82 unidades adicionais de valor de produção;
- Valor Adicionado: Para cada unidade de demanda final do setor, 2,40 unidades são adicionadas ao valor adicionado;
- Salário: O impacto sobre salários equivale a 0,85 unidades; e
- Emprego: O multiplicador de emprego é elevado, indicando a criação de 45,72 postos de empregos para cada unidade adicional de demanda final.
A análise da Tabela 2 permite observar os impactos econômicos resultantes do choque de R$18,3 bilhões na demanda final do setor ao longo dos anos de 2024 a 2027. No período em questão, destaca-se a geração acumulada de R$55,73 bilhões em valor bruto de produção (VBP) em toda economia, R$28,83 bilhões correspondem ao valor adicionado, R$8,81 bilhões são direcionados ao pagamento de salários e cerca de 133 mil empregos são criados. De forma particular, os anos iniciais do intervalo analisado (2024 e 2025) concentram a maior parte dos efeitos econômicos, o que está em linha com a maior parcela de investimento previsto no Relatório Anual de Exploração da SEP/ANP de 2023.
Tabela 2 – Impactos econômicos sem indução de renda
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados de Alves-Passoni & Freitas (2022).
Ao incluir os efeitos de indução de renda na MIP, os impactos econômicos tornam-se substancialmente mais expressivos, conforme disposto na tabela 3 abaixo. Com a indução de renda, os resultados evidenciam um impacto mais abrangente, com maiores ganhos em todos os indicadores, especialmente no emprego, que ultrapassa 800 mil postos de empregos criados[2]. Ao analisar a tabela 3, nota-se que foi estimulado a geração de R$606 bilhões em valor bruto de produção (VBP), R$314,720 bilhões correspondem ao valor adicionado, R$124,331 bilhões são direcionados ao pagamento de salários e cerca de 837 mil empregos são criados.
Tabela 3 – Impactos econômicos com indução da renda
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados de Alves-Passoni & Freitas (2022).
Os resultados mostram que a indução da renda amplifica consideravelmente os impactos econômicos do setor. Enquanto os efeitos diretos e indiretos já são significativos, os efeitos induzidos destacam o papel multiplicador do setor de petróleo e gás na economia brasileira.
Impactos ambientais
A simulação desse resultado foi calculado a partir do choque exógeno na demanda final de R$18,3 bilhões (ANP, 2023). Dessa forma, será apresentado a seguir as emissões, em , provenientes desse choque para o setor de extração e da economia como um todo, considerando os 67 setores da MIP, por intermédio do coeficiente de emissões.
Tabela 4 – Impactos ambientais (efeitos diretos e indiretos)
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados de Alvarenga Junior e Costa (2025).
Conforme o relatório da SEP/ANP, foi estimado um choque na demanda final de R$18,3 bilhões, distribuído ao longo dos anos de 2024 a 2027. A partir dessa informação, essa análise será baseada nos impactos ambientais dos setores e na evolução do coeficiente de emissões. A seguir mostramos os principais resultados da Tabela 4:
- 2024: O investimento previsto para o ano de 2024 foi de R$9,97 bilhões (ANP, 2023). Com base nesse valor, foram realizadas estimativas sobre o impacto das emissões (/VBP), tanto para o setor de extração quanto para a economia como um todo. Para o ano de 2024, estima-se que o setor de extração tenha sido responsável por aproximadamente 2,3 milhões de . Vale ressaltar que esses cálculos são estimativos, baseados nos dados disponíveis e na projeção do impacto econômico e ambiental para o período.
- 2025: O investimento previsto para 2025 foi de R$7,64 bilhões (ANP, 2023). Dessa forma, as estimativas sobre o impacto das emissões do setor de extração e da economia em geral para o ano de 2025, calcula-se que o setor de extração tenha emitido 1.802.736 de milhões de , contra 2.802.345 milhões de de toda economia.
- 2026 e 2027: Nesses anos, o investimento projetado foi consideravelmente reduzido, somando R$701 milhões (ANP, 2023). A partir dessa previsão, estimou-se que o setor de extração tenha gerado 165.408 milhões de contra 257.126 milhões de de toda a economia.
O próximo passo foi realizar uma análise dos principais setores emissores de GEEs à luz da variação da demanda final do setor de extração de petróleo e gás, uma vez que essa abordagem (MIP) permite não apenas avaliar os impactos ambientais do próprio setor, mas também compreender as interações entre os setores envolvidos nos encadeamentos do setor de petróleo e gás. Logo, com o choque de demanda final realizado, foi possível calcular os principais setores emissores. Pode-se inferir que os setores com as maiores emissões de GEE são, em grande parte, aqueles que apresentam uma interdependência direta e indireta com o setor de extração, dado que suas atividades são essencialmente impactadas pelas variações na demanda final do setor analisado, conforme Tabela 5 abaixo.
Tabela 5 – Principais setores emissores
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados de Alvarenga Junior e Costa (2025).
Considerações finais
O setor de petróleo e gás natural é um motor para economia brasileira, impulsionando diversas cadeias produtivas e beneficiando atividades interligadas, como transporte, manufatura de equipamentos e serviços especializados. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi mensurar o impacto econômico (geração de emprego e renda) e ambiental (emissões de GEEs por VBP) do setor de extração de petróleo e gás natural (diretamente) e seu impacto ao longo da cadeia (indiretamente), de modo a dimensionarmos seu impacto na geração de renda e nas emissões de GEEs, haja vista que o setor é uma base importante para a segurança energética e o avanço tecnológico no Brasil.
Entre 2024 e 2027, um investimento de R$ 18 bilhões no setor gerará impactos econômicos significativos: aproximadamente R$ 55 bilhões no valor bruto de produção, R$ 28 bilhões em valor adicionado, R$ 8 bilhões em salários e a criação de 133.814 empregos. Esses resultados demonstram a interconexão econômica do setor, evidenciando como os investimentos iniciais são amplificados ao longo das cadeias produtivas.
Quando os efeitos de indução de renda são considerados, os impactos econômicos tornam-se ainda mais relevantes. O valor bruto de produção aumenta para mais de R$ 606 bilhões, com R$ 314 bilhões em valor adicionado, R$ 124 bilhões em salários e a criação de 837.113 empregos. Esses números ressaltam a importância do setor para a economia brasileira e sua capacidade de gerar crescimento e desenvolvimento.
No entanto, o setor enfrenta desafios ambientais significativos. Como uma fonte emissora de gases de efeito estufa (GEEs), o setor de petróleo e gás precisa alinhar suas operações às metas globais de sustentabilidade. Isso exige investimentos substanciais em tecnologias inovadoras que reduzam as emissões. O estudo indica que, para a fase de exploração de hidrocarbonetos no Brasil, será necessário emitir cerca de 6,2 milhões de toneladas de GEEs para atender à demanda adicional prevista no Relatório de Exploração da SEP/ANP. Esses desafios ambientais destacam a necessidade de um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a sustentabilidade ambiental.
Nesse sentido, os resultados revelaram que o setor de petróleo e gás natural é um motor da economia brasileira. Com multiplicadores significativos, o setor apresenta forte capacidade de dinamizar cadeias produtivas e beneficiar atividades interligadas, como transporte, manufatura de equipamentos e serviços especializados. Dessa forma, dada a grande influência da indústria em outros setores, torna-se evidente a necessidade de construir estudos futuros voltados para a dimensão de como as decisões de investimentos econômicos e ambientais dos operadores de hidrocarbonetos podem afetar grandes cadeias, como a da eletrificação, por meio do fornecimento de energia na economia doméstica e do uso de combustíveis em grandes frotas terrestres. Considerando que os setores de energia e transporte terrestres estão entre os principais emissores relacionados à atividade de extração de petróleo e gás natural, tais estudos são essenciais para compreender e mitigar os impactos ambientais e econômicos associados.
Referências
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Notas
[1] A renda induzida se refere à ideia de que quando as pessoas obtêm renda da produção, elas gastam parte dela, o que se torna renda para outras pessoas. Portanto, é como o efeito multiplicador. No modelo básico de insumo-produto, você tem efeitos diretos – por exemplo, se você aumenta a demanda por carros, a indústria automobilística compra mais aço, vidro etc. Mas a renda induzida seria os trabalhadores da indústria automobilística e da indústria siderúrgica gastando seus salários, o que aumenta ainda mais a demanda em outros setores, como varejo, serviços, etc. Uma das principais limitações desse modelo é o caráter estático dos resultados.
[2] O modelo padrão de insumo-produto pode levar em conta apenas os efeitos diretos e indiretos. Os efeitos diretos são as mudanças imediatas na produção, e os efeitos indiretos são as mudanças decorrentes das compras entre setores. Os efeitos induzidos vêm do fato de as famílias gastarem sua renda. Portanto, a inclusão da renda induzida acrescentaria outra camada, tornando o multiplicador maior, porque está capturando não apenas os vínculos de produção, mas também o consumo decorrente do aumento da renda familiar.

Letícia Nascimento
Letícia Nascimento é Bacharel em Economia pela UFRJ (2024) e faz parte do setor de regulação de óleo e gás natural da Eneva, com foco em regulamentação econômica.

Kaio Vital da Costa
Kaio Glauber Vital da Costa é Bacharel em Economia pela UFPB, mestre em Desenvolvimento Econômico pela UFPR e doutor em Economia pela UFRJ. Atualmente, é professor adjunto do Instituto de Economia da UFRJ, pesquisando comércio internacional, mudança estrutural, meio ambiente e desenvolvimento sustentável. É pesquisador do Grupo de Indústria e Competitividade (GIC) e do Grupo de economia do meio ambiente e desenvolvimento sustentável (GEMA).

João Felippe Cury
João Felippe Cury é graduado em Economia pela UFRJ, mestre pela Unicamp e doutor pela UFRJ. Professor associado do Instituto de Economia da UFRJ desde 2007, tem experiência em Contas Nacionais, Desigualdade de Renda e Desenvolvimento Sustentável. Atua como vice coordenador do PPED e pesquisador do GEMA.